Metodologia de cálculo da Febraban resulta em spread artificial

fevereiro 16, 2009

Fiz um pequeno estudo sobre a metodologia de cálculo do spread bancário recentemente proposta pela Febraban, que acabou gerando assunto pra mídia e um certo desconforto entre a entidade e o Banco Central.

A minha conclusão pessoal é de que, ao menos em parte, o resultado da nova metodologia é artificial e merece algumas revisões.

Veja o porquê no post que publiquei no blog do Nepom: “Cálculo da Febraban pode resultar spread artificial”.


Bacen X Febraban

fevereiro 1, 2009

A troca de farpas (desnecessária, por sinal) entre o BC e Febraban, acerca do spread bancário, coloca por terra os argumentos de alguns grupos oportunistas que tentavam manipular a opinião pública a favor de quedas injustificadas da Selic, alegando que o Banco Central seria um mero fantoche dos banqueiros…

“Governo prepara ataque ao spread”

“(…) a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) divulgou balanço sobre o spread com metodologia diferente da usada pelo BC.”

“O questionamento público da metodologia de cálculo do spread só aumentou o desconforto do BC com o problema, mas a diretoria do banco resiste à divulgação do ranking dos spreads.” (31 de janeiro)

Parece que mudaram de idéia:

“BC vai divulgar ranking de spread por bancos”

“O ranking das instituições financeiras que praticam os maiores spreads (diferença entre a taxa de captação e a repassada ao consumidor) será publicado no site do Banco Central tão logo a metodologia de cálculo esteja definida.” (01 de fevereiro)

O que dirá, agora, a imprensa?


O que dizem os bancos a respeito do spread

janeiro 29, 2009

A opinião dos bancos a respeito do spread bancário deve ser ouvida? Ninguém sensato diria que não.

Pra quem gosta muito de julgar os banqueiros, devo recordar que eles, em geral, nas suas atividades profissionais, estão preocupados com o que todos nós nos preocupamos: produzir mais do que se consome. Isso, pra mim, é saudável e necessário para nossa sobrevivência, apesar da herança medieval brasileira insistir em taxar como algo imoral e vergonhoso (falei sobre preconceitos e dogmas em um post anterior, olha aí um exemplo; ignoramos vários outros).

Obs.: cuidado com suas conclusões; veja que não sou favorável ao pensamento de ganância, que gera desequilíbrios e consome a mente humana.

A imprensa se preocupa em escrever, com os mesmos dados e informações, as melhores matérias e vender mais jornais e revistas. O estudante de economia está preocupado em estudar, no mesmo período de tempo, os melhores livros e nas melhores faculdades, em busca de melhores salários no futuro.

Ninguém é diferente. Se alguém prefere produzir menos do que consome deveria ser alvo do Greenpeace, pois é um maluco desperdiçando os recursos do planeta. Alguém tem um argumento contrário plausível?

Dito isto, veja o que o economista-chefe da Febraban tem a dizer sobre o assunto:

“Febraban: spread sobe com piora da economia e do risco”

“a queda dos spreads não acontece de uma hora para a outra”

“O contexto é diferente. Antes, você tinha crescimento da demanda e economia em expansão. Isso permitia ter spreads mais baixos porque o crédito estava crescendo. Hoje, temos muito mais incerteza, indefinição e, por isso, o risco é maior. Nesse cenário, um movimento para baixo é mais lento”

“As taxas de juros tendem a continuar caindo porque a inflação está mais baixa e a economia está crescendo menos, o que reduz a demanda e favorece a queda do juro”, disse. Ele, no entanto, não disse que isso será seguido em igual proporção pela diminuição dos spreads.”

Nos próximos dias publicarei dados – e respectivas análises – sobre Selic e spread, que ficaram faltando no post “Confusão entre spread e selic”.